quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Next!!!

Há uns tempos dei com a minha pessoa a ver um documentário sobre associações de protecção de animais que actuam e salvam em alguns países asiáticos, animais exóticos, que são exibidos na rua para turistas. Um dos animais mais explorado para esse fim, são os elefantes. E então perguntava-se a um dos donos de um elefante como é que conseguia treiná-lo tão bem e ter ali um animal tão portentoso numa forma tão submissa e dócil, apesar das chibatadas e dos grilhões nas patas traseiras. O dono lá explicou que apesar do elefante ser um animal extremamente inteligente, este treino era iniciado com os animais ainda muito jovens e era repetido até à exaustão do animal, até que estivesse interiorizado. Pelas palavras do dono do elefante: "Para serem bem treinados é preciso quebrar-lhes a vontade." Estas palavras ficaram-me na cabeça.
Quando resolvi aceitar o emprego na fábrica, infelizmente eu sabia para o que ia... Sabia que o ambiente podia ser de cortar à faca por causa das produções, sabia que era duro fisicamente, sabia que a encarregada podia ser exactamente como foi (a real bitch!), sabia que durante as duas primeiras semanas se iriam trabalhar 12 horas por dia a 3 euros à hora. Não ia era preparada para o resto... para a mecanicidade que toma conta de nós, para a falta de motivação, para a falta de humanização. Lá, as pessoas começam a aproximar-se mais de máquinas, porque assim são melhores trabalhadores e dão mais produção, e vão deixando devagarinho de se verem como pessoas... pessoas únicas, com sonhos e objectivos. Os dias começam a passar, cada um mais igual ao anterior. É um trabalhar sôfrego, para chegar a casa e descansar o pouco que se pode sofregamente, para que no dia a seguir comece tudo outra vez... Até ao dia de receber e começar tudo outra vez...
Nem vos conto as vezes que dei comigo em modo off, os meus braços a trabalhar como se não houvesse amanhã e a minha cabeça looooonnnnggggeeeeee, na minha zona zen. E ainda assim pensava :" Anda lá, deixa de ser vidrinho de cheiro! Vais habituar-te... Se elas conseguem também consegues! E já falta pouco para o dia acabar..." E foi no meio de uma destas minhas evasões mentais, que uma tarde, já quase ao fim do dia o patrão resolve anunciar que afinal ainda se ia trabalhar mais horas e quem não aguentasse é porque não servia para aquilo... Eu senti os grilhões a apertar e resolvi dizer que não, eu não servia para aquilo e que no dia a seguir já não ia mais... má vontade, não sei... talvez... Mas é a MINHA vontade, é aquilo que me move... E isso não é para quebrar.
E pronto, vim-me embora. Trabalho? Venha o próximo!

Ah! O elefante e outros que também eram escravizados na rua, foram salvos pela tal associação, foram comprados aos donos e agora vivem num santuário para protecção destes animais.  :)



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Trabalhar na fábrica = Twiligth Zone

Ora bem, vamos lá pôr este pardieiro em dia.
Antes de vos contar que já me despedi da fabriqueta, não podia deixar de partilhar convosco estas belas pérolas...
Pérola 1:
Discutia-se à mesa, durante o lanche, esse tema tão actual dos nossos dias, que é o tamanho dos tampões para as senhoras. Umas diziam que havia uns assim pequeninos (exemplificavam com os dedos), outras diziam que havia assim uns mais grossitos para os dias com mais "fuluxo". E outras defendiam que foi a melhor coisa que inventaram e que agora até já havia um tipo de tampão, para cada tipo de patareca. Nisto, uma das raparigas diz: " Eu cá não gosto nada dessas coisas... O outro dia emprestaram-me um e tive toda a tarde, assim nem sei como, que até me davam os calores... O raio do coiso era do tamanho de um charuto!". "Do tamanho de um charuto?????"- diz outra, "Até gostava de ver! Amanhã trazes prá gente ver."
Dito e feito. No dia seguinte a mesa do refeitório estava adornada com um conjunto de tampões, um de cada tamanho que existe no mercado. A defensora dos tampões: "Estás a ver? Que eu saiba só existem estes tamanhos!" A que não era assim tão a favor, não tem mais, vai à bolsa e tira um dos que tinha falado, todo embaladinho e mostra: "Estás a ver? Olha só o tamanho do bicho, olha só para isto!". A outra pega no tampão, abre a embalagem e desvenda o mistério: "Oh parola! Isto é o aplicador, o tampão está lá dentro... é só para te ajudar a meter, percebes?". Diz a outra: "Atão, qué-se dizer que isso não fica lá dentro?"
A partir daqui eu já não ouvi mais nada e só me lembrava da Leonor do Camões, que ia formosa, mas não segura. Claro que lhe davam os calores, pudera!
Pérola 2:
Era dia da visita do médico de trabalho. E andava um sururu pela fábrica, que este é que sim, que valia a pena ver, pois era novo e um pedaço de homem. Ao fim do dia o patrão chama a Professorinha e as suas novas colegas à frente de toda a gente, dá-nos um copo para a mão e diz: "As meninas agora vão fazer xixi para o copo e depois é para entregar ao Sr. Doutor, pode ser?" O médico olhava para nós, assim num misto de "não sei se me rio ou se me enfio num buraco". Mas o que é certo é que o buraco era bastante mais lá no fundo, pois nesse instante a encarregada resolve dar ares da sua graça e solta um grande e alto " E quê, tais todas a olhar para o copo, porquê? Num lavastes o pito hoje?". 
Isto, meus senhores, isto é nível!(Só que não!)
Já vos disse que me despedi? Amanhã conto-vos o resto, senão isto não rende nada.


terça-feira, 3 de novembro de 2015

E a melhor piada do dia vai paaaaarrrrrrraaaaaa...

A encarregada da fábrica fez anos. Hoje no intervalo alguém lhe pergunta " E então, ontem houve festa? E o teu homem acendeu-te a vela?" (Ler com pronúncia do Norte se faz favor)
(...) (...) (...)
Eu mereço?

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Professorinha, a operária

Pois é... ainda não foi desta... Professorinha ainda não quinou, quase que quinava, mas não... Não quinou.
Então é assim, Professorinha ainda sem emprego, fartinha de estar em casa quase a cortar os pulsos, a ganhar a miséria que me foi atribuída pela segurança social decide que é chegada a hora de jogar a última cartada e atira-se de cabeça para o nono círculo do inferno de Dante... Professorinha começou a trabalhar numa fábrica, no departamento da revista e da embalagem. É, eu sei... que desperdício de formação, que pena, que miséria de país, blá, blá, blá whiskas saquetas... Deixem-se lá disso, que eu já ouvi de tudo e o choradinho não me paga as contas ao fim do mês. 
Mas nem tudo está perdido... a fabriqueta é um antro de inspiração, é um poço de matéria para blog (ok... para este blog). Em duas looooooonnnnggggaaaaaasssss semanas já soube que:
1. Ninguém gosta de trabalhar lá, é apenas um meio de ganhar alguns trocos,
2. A encarregada anda todo o dia com aquele ar de "Foderam-me e não me pagaram",
3. As conversas nos intervalos ainda não passaram de dois temas, pinanço e telenovelas,
4. Já houve escandaleira, com gritos e tudo, pelo menos duas vezes,
5. O patrão está a divorciar-se e anda envolvido com um dos funcionários e foi esse o motivo de uma das vezes que houve escandaleira,
6. De manhã, TODOS os dias, há uma funcionária que diz: "Ai meu Deus, quem me dera ser rica, boa e bonita!"
7. Há lá pessoas com um coração de ouro,
7. Para mim isto é temporário, que eu não matei ninguém!
Digam lá... melhor que a nova edição d´"A Quinta"...,
Aguardem... Cenas dos próximos capitúlos, já a seguir...